Alimentação na adolescência exige atenção

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) realizou uma pesquisa inédita, em parceria com o Ministério da Saúde, onde mostra que adolescentes seguem uma dieta de alto risco para problemas cardiovasculares, renais e obesidade. Em 2010, 15% dos adolescentes eram obesos. Atualmente o número aumentou para 18,6%.

A nutricionista do Espaço Vitale Vanessa Fonini explica os benefícios de uma alimentação saudável durante a adolescência.

 

 

– A má alimentação pode interferir no rendimento escolar e físico?
Os alimentos são a fonte de energia dos adolescentes e uma alimentação desequilibrada pode desequilibrar tanto corpo quanto mente. Prova disso são os diversos estudos que analisam crianças e adolescentes que não consomem café da manhã e apresentam menor desempenho escolar. Os que consomem desenvolvem melhor a atenção e a memória, bem como melhor disposição e bom humor. O consumo habitual do café da manhã, promoveu melhor desempenho, principalmente em testes de matemática e estatística.

Conheça o melhor plano de saúde para o servidor público– Quais alimentos são importantes nesta fase? 
A adolescência é caracterizada por um período de crescimento acelerado, temos que pensar que além da estatura, músculos, ossos, órgãos estão em desenvolvimento.  Por isso é necessário dar atenção à quantidade e qualidade da alimentação. Além de maior oferta de calorias, o adolescente também vai precisar de maior aporte de alguns nutrientes como proteína (carnes e ovos), ferro (carnes e leguminosas – feijão, lentilha, ervilha), cálcio (leite e derivados, vegetais verdes escuros, leguminosas, peixes), vitaminas A (fígado, peixe, gema de ovo, vegetais folhosos, legumes e frutas) e C (frutas cítricas). Em resumo, refeições devem ocorrer a cada 3 horas e pratos coloridos e atrativos devem ser a base da alimentação nessa faixa etária.

Pratos coloridos e atrativos devem ser a base da alimentação nessa faixa etária

– Como o mudar os hábitos alimentares de adolescentes? E quais as mudanças que os pais devem realizar para que uma alimentação saudável possa ser introduzida na rotina? 
Para mudança de hábitos precisamos entender como eles se formam. Na adolescência a alimentação é influenciada por diversos fatores. Os fatores externos são: hábitos da família e amigos, normas e valores culturais, mídia, conhecimento de nutrição, etc. E os fatores internos são: necessidades e características psicológicas, imagem corporal, valores e experiências pessoais, preferencias alimentares, etc. Acredito que conhecer as características individuais do adolescente, ter uma conduta flexível e traçar mudanças gradativas em conjunto são formas de motivá-lo a ter uma alimentação mais saudável.
Os pais são o exemplo. Não adianta querer que os filhos sejam saudáveis se eles não demonstram isso na prática. Fazer as refeições em família em um ambiente de carinho e acolhimento faz com que o adolescente tenha uma referência positiva da alimentação. É importante que os pais, que são os provedores, na hora da compra evitem alimentos ultraprocessados (industrializados com excesso de gordura, sal e açúcar) e priorizem uma alimentação colorida e feita em casa.

– Alimentar-se em frente à televisão ou computador pode ser prejudicial à saúde?
Sim, essa é uma pratica a ser evitada. Distrair-se em frente à TV, computador, vídeo game ou celular, por exemplo, pode fazer com que não se registre o que está comendo e se coma além do necessário. Isso é tão importante que o Ministério da Saúde em seu Guia Alimentar orienta que as refeições sejam feitas com regularidade e atenção e também sempre que possível com companhia.

– Mantendo uma alimentação balanceada é possível ter uma pele saudável mesmo com as variações hormonais da adolescência?
A prevalência da acne em adolescentes ocidentais é bastante alta, acomete em torno de 79-95% dessa população. Apesar de ser um assunto controverso, alguns estudos mostram sim que a alimentação pode influenciar a saúde da pele. Adolescentes obesos são afetados pela acne muito mais pela qualidade do que comem do que pela quantidade. O consumo frequente de carboidratos refinados (açúcar, pão, macarrão, biscoito, etc) e chocolate podem aumentar os riscos. Já alimentos integrais (aveia, arroz e pão integral, feijões, frutas e hortaliças), alimentos ricos em ômega 3 (peixes como sardinha e salmão, sementes de linhaça e chia), o mineral zinco (carnes, frutos do mar, ovos, cereais integrais, lentilha e germe de trigo) e vitamina A (fígado, peixe, gema de ovo, vegetais folhosos, legumes e frutas) podem prevenir e até mesmo melhorar o aspecto da pele.