A rotina agitada e o uso constante de dispositivos tecnológicos têm desafiado a busca pela tão desejada noite de bom sono. E não para por aí: a conectividade permanente, a sobrecarga de informações e o estresse diário dificultam o relaxamento necessário para um descanso reparador, desencadeando rotinas cada vez evidente de noites mal dormidas que comprometem o bem-estar físico e mental, contribuindo para o desenvolvimento de diversas doenças e reduzindo a qualidade de vida. Trata-se de um cenário que demanda conscientização, pois o sono adequado é considerado um dos três pilares da saúde, ao lado da boa alimentação e da prática de atividade física.
Mas, afinal, o que significa dormir bem?
Uma boa noite de sono é caracterizada não apenas pela duração adequada, mas também pela sua qualidade e regularidade. A Associação Brasileira do Sono (ABS) recomenda que adultos saudáveis durmam entre 7 e 9 horas por noite, embora essa necessidade possa variar entre 6 e 10 horas. Dormir bem significa atingir os estágios do sono não-REM e REM de forma completa e cíclica, promovendo descanso físico, relaxamento muscular e consolidação da memória (Antunes, 2023).
Durante o sono, o organismo realiza funções restauradoras essenciais, como fortalecimento do sistema imunológico, liberação de hormônios como o do crescimento e insulina, e regulação do metabolismo. É esse processo reparador que proporciona a sensação de revitalização ao despertar, sendo fundamental para o desempenho cognitivo, a capacidade de decisão e o bem-estar emocional.
Sono e saúde física
Dormir adequadamente tem relação direta com a saúde física. Estudos mostram que o sono insuficiente está relacionado ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares e metabólicas, como hipertensão, diabetes e obesidade. Além disso, indivíduos que dormem menos de forma crônica apresentam maior risco de desenvolver demências e outras doenças graves.
Por outro lado, prolongar a duração do sono em pessoas que habitualmente dormem pouco pode resultar em benefícios significativos para a saúde, como demonstrado em um estudo da Universidade Estadual da Pensilvânia, onde universitários que aumentaram o tempo de sono apresentaram menor sonolência diurna e queda na pressão arterial sistólica após apenas sete dias de sono prolongado.
Hábitos para melhorar o Sono
O conceito de "higiene do sono" abrange um conjunto de práticas que podem melhorar a qualidade do descanso, como
Manter horários regulares para dormir e acordar;
Evitar o uso de dispositivos eletrônicos e telas luminosas antes de dormir;
Praticar atividades relaxantes à noite, como leitura ou meditação;
Manter o quarto escuro, silencioso e em temperatura confortável;
Evitar refeições pesadas, cafeína e bebidas alcoólicas próximas ao horário de dormir.
Tais hábitos promovem uma transição suave para o sono, facilitando o relaxamento e a recuperação plena do organismo.
O sono ao longo da vida
A necessidade de sono e sua qualidade variam ao longo da vida. Em idosos saudáveis, por exemplo, é comum que o sono seja dividido entre períodos noturnos e cochilos diurnos, o que não deve ser confundido com má qualidade do sono. Entretanto, doenças crônicas e transtornos específicos como insônia e apneia obstrutiva do sono são fatores que podem prejudicar o descanso adequado. As mulheres tendem a apresentar maior necessidade de sono durante a fase adulta e uma preferência matutina que se altera durante a menopausa, o que evidencia as diferenças fisiológicas e hormonais que influenciam os padrões de sono.
Dormir bem é importante para o bem-estar e a saúde geral do organismo. A adoção de hábitos saudáveis e o reconhecimento da importância do sono adequado são passos fundamentais para uma vida mais equilibrada e produtiva.